Ergonomia - Ferramenta para se obter a Saúde do Trabalhador - Waldomiro J.P. Federihi
01-06-2010 12:10©(.)Este artigo mostra a importância da Ergonomia, como uma das ferramentas paraergonomia – conceitos – evolução histórica – acidentes do trabalhoThis article shows the Ergonomics importance, as one of the tools to look for theergonomics - concepts - historical evolution – work’s accidentsCONTEXTO BRASILEIROPublicado na revista "O Mundo da Saúde", São Paulo, ano 22, v.22, n.4, set/out, 1998Administrador. Ergonomista. Professor Universitário.ARA MUDAR ESSE QUADRORGONOMIA COMO FERRAMENTAAs cadeiras escolares quase sempre impróprias, em especial para estudantesAs mochilas extremamente pesadas, utilizadas por crianças em idade escolar;A localização dos pinos de travamento das portas de automóveis;Os colchões demasiadamente moles ou excessivamente duros;As tábuas de passar roupa, sem a devida regulagem de altura; eAs pias de cozinha, com alturas, quase sempre, inadequadas às usuárias.O PENSAMENTO À CIÊNCIA. integração harmoniosa entre o homem e o seu meioRamazzini (pai da, que descreveu as primeiras doenças profissionais, ou ainda, os de, relativos à problemas de climatização e os de Patissier, que desenvolveu os temasRamazzini e Tissot e trabalhou com dados estatísticos sobre mortalidade e morbidadeaubam e Belidor, sobre a cargaTaylor, Fayol e seus precursores, que analisaram asLeonardo da Vinci queLavoisier que descobriu os primeiros elementos daCoulomb que introduziu a noção da duraçãoChauveau, que definiuMarey que desenvolveu asWoitiejch Jastrzebowshi publicou artigo denominado "Esboço da Ergonomia ouJules Amar realçou informações básicas para a Ergonomia, aoErgonomics Research Society, em Oxford, na Inglaterra.Société d’Ergonomie de Langue Française.. A essa revolução veio atrelado,ONCEITOS E SUAS EVOLUÇÕESprimeiro momento tem início após as revoluções industriais, onde a grande prioridadesegundo momento, acompanhando o desenvolvimento das ciências administrativas,terceiro momento, o momento centrado no sistema,"sistema, adotado quando do surgimento da Ergonomia como ciência, foi.quarto momento, que poderia ser denominado de(Rocha et..NTER-RELAÇÃO COM OUTRAS MATÉRIASAnatomia: estudando, através da antropometria e da biomecânica, o corpoFisiologia: estudando, através da fisiologia do organismo, a função de cadaPsicologia: analisando as exigências do trabalho e estudando o comportamentoSociologia: estudando as relações que surgem e se reproduzem nos ambientesEngenharia e Arquitetura: no projeto e construção de edifícios, instalações,Sick building sindrome –Indoor air quality – Qualidade do arAdministração e Engenharia da Produção: estudando fórmulas para umaONCLUSÕES. homem-máquina . das relações do homem e o seu trabalho.Wisner afirma, a luta entre os comportamentos inesperados, quer seja doLeda Leal Ferreira et al. (Rocha et al.,1993)."Não existe a 'cadeira ergonômica' ideal para todas as funções, a 'altura ideal' para"Assim, antes da confecção de uma nova cabine de controle podem ser feitos"Imaginemos que, após uma intervenção ergonômica, se decida por automatizar. cognitivo e não. e psíquico do homem e se bemA loucura do trabalho. Estudo de psicopatologia do trabalho,Ergonomia, trad.Teixeira, M.M.N., S. Paulo: EPU-EDUSP, 1977.Ergonomics. Chapman and Hall, 1965.Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho, S. Paulo: Vozes, 1993.Curso de Medicina do Trabalho, 6 v., S.Paulo: Fundacentro, 1981.Medicina básica do trabalho, 5 v., Paraná: Gênesis, 1995.A inteligência no trabalho, trad. Ferreira, R.L., São Paulo:
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ERGONOMIA
FERRAMENTA PARA SE OBTER A SAÚDE DO TRABALHADOR
Waldomiro José Pedroso Federighi
RESUMO:
se buscar a humanização do trabalho e a redução dos elevados índices de acidentes do
trabalho, ainda existentes no nosso país. Por se tratar de matéria nova, ainda pouco
conhecida, faz um breve relato do seu caminho, desde a fase empírica até a ciência,
demonstrando o seu objetivo, conceitos e evoluções, inter-relações, aplicações e
abrangência social.
UNITERMOS:
SUMMARY:
work’s humanization and the high indexes reduction of work’s accidents, still existent in our
country. For being of new matter, aren’t still very known, it makes a brief report of its way,
since the empiric phase to the science, demonstrating its objective, concepts and evolutions,
interrelations, applications and social inclusion.
KEYWORDS:
O
Estatísticas mundiais, há vários anos, vêm posicionando o Brasil entre os países com
maior número de acidentes, decorrentes da relação com o trabalho, fato que é confirmado
pelos números oficiais dos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social. Esses
números, mostram que no início da década de 70, nosso país apresentava índices
próximos de 19,5% de acidentados em relação ao número de trabalhadores segurados.
Para melhor entendimento salientamos que, pelo regulamento dos benefícios e custeio da
previdência social, o conceito de acidente do trabalho, compreende a lesão corporal ou
perturbação funcional, que leva à perda ou redução da capacidade para o trabalho,
permanente ou temporária, incorporando a morte decorrente do mesmo e considera
também como acidente do trabalho as entidades mórbidas: doenças profissionais e do
©
.
Mestre em Administração da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP.
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trabalho.
O efeito de várias medidas instituídas a partir daquela época, obrigando as empresas
brasileiras a melhorarem as condições adversas de saúde e segurança nos locais de
trabalho, foi alentador pois reduziu aquele índice de acidentes profissionais, na década de
90, para aproximadamente 1,7% do total de inscritos na previdência social. Apesar do
resultado significativo conseguido nessas duas décadas, muito ainda existe a ser feito,
pois, as mesmas estatísticas mundiais, ainda nos localizam entre os países com maior
incidência de acidentes provenientes do trabalho.
P
Para tentar melhorar este cenário, teremos que refletir juntos. Se por um lado as normas
legais instituídas trouxeram melhorias significativas (serviços especializados em
segurança e medicina do trabalho, comissão interna de prevenção de acidentes,
equipamentos de proteção individual, sinalização de segurança, exames médicos e
muitas outras), por outro, sabemos que os problemas continuam a ocorrer dentro das
empresas, assim, é exatamente para lá que deveremos caminhar para corrigi-los.
Entenderemos uma empresa, mais facilmente, como o conjunto de elementos
dinamicamente integrados, que visa atingir um certo objetivo, que poderá ser a produção
de bens e/ou a prestação de serviços (teoria sistêmica). Como parte desta integração,
encontramos os postos de trabalho, considerados como as menores unidades produtivas
dentro do sistema de produção. Neles são realizadas as tarefas, ou seja: ações que
executam a transformação objetivada pelo sistema. As tarefas são portanto, elementos
interdependentes, que compõe e se integram no sistema, visando produzir um bem e/ou
um serviço.
É de raciocínio elementar, notar que os indivíduos que aparecem nas estatísticas oficiais,
são os mesmos que se acidentaram ou morreram exercendo tarefas, num determinado
posto de trabalho, dentro de um sistema de produção.
Particularizando a questão, entendemos que na prática pouco adianta "consertar" os
indivíduos. Teremos sim, é que tornar "higidos" os postos de trabalho, para que cessem
as ocorrências nefastas, pois, todas as pessoas que vierem a trabalhar nesses postos,
ficarão igualmente doentes.
Desta forma nossa atenção deve ser direcionada para os "postos de trabalho doentes",
existentes na maioria das empresas, pois só assim, estaremos atuando efetivamente
sobre a causa dos problemas e poderemos dar um "salto qualitativo", reduzindo ainda
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mais nossas estatísticas sinistras.
Estes postos de trabalho doentes são responsáveis diretos, por grande parte dos
acidentes que afetam os nossa força laboral e acabam atingindo, direta ou indiretamente,
a quantidade e a qualidade da produção, além de incidir sobre o custo operacional das
mesmas.
E
Exatamente aqui localizamos a Ergonomia. Ciência nova, ainda pouco conhecida (não
completou meio século de existência), mas já é considerada nos meios acadêmicos e
tecnológicos, de vital importância para qualificar os locais de trabalho e pode ser
encarada, inclusive, como matéria básica para a manutenção da saúde do trabalhador,
visto que sua aplicação tem possibilitado tornar os ambientes de trabalho mais seguros e
saudáveis.
A Ergonomia contemporânea tem por objetivo principal a humanização do trabalho o que
poderá ser conseguido através da adaptação das condições laborais às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, tudo de acordo com a natureza do trabalho a ser
executado, de modo a proporcionar ao mesmo tempo, o máximo de conforto, segurança e
a possibilidade de um desempenho eficiente.
A Norma Regulamentadora n.º 17, de 23/11/90, da Portaria n.º 3214/78 da Secretaria de
Segurança e Saúde do Trabalhador, do Ministério do Trabalho, determina que para se
avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo
essa análise abordar no mínimo, as condições como o trabalho se desenvolve.
Se atendendo a legislação, adotarmos medidas ergonômicas eficazes dentro de
ambientes de trabalho, teremos com certeza, como resultado, a redução dos esforços
inúteis, cansativos e do desconforto no desempenho da tarefa, culminando com a queda
do nível de ausências decorrentes de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais.
Atingindo-se este objetivo, a conseqüência será o aumento da rentabilidade das
empresas, através da maior eficácia produtiva e da redução do seu custo operacional,
sem considerar a redução das despesas públicas com a saúde e a seguridade social.
Apesar de sua importância, a Ergonomia, como já dissemos, é uma ciência muito nova,
que carece de melhor divulgação, eis que sua aplicação não se dá só nas "fábricas", mas
em quase todos os outros segmentos da nossa vida. Se fizermos um pequeno exercício
de memória, lembraremos certamente, de ter presenciado situações, em nosso cotidiano,
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e não nos demos conta, de que estávamos vivenciando soluções ergonômicas ou
antiergonômicas e sendo afetados por seus efeitos positivos ou negativos.
.
canhotos;
.
.
.
.
.
Pelos poucos exemplos citados, nota-se a importância da presença das soluções da
Ergonomia, em quase todos os momentos de nossa vida muitas vezes, sem que
percebamos os seus efeitos, quer eles sejam eles positivos ou negativos.
D
O pensamento ergonômico empiricamente, nasce com o próprio homem, em decorrência
do seu empenho em satisfazer suas necessidades. Ao precisar criar suas primeiras armas
e ferramentas, começou a pensar ergonomicamente, pois teve que construir instrumentos
que conseguisse carregar e que fossem, ao mesmo tempo, eficazes ao fim pretendido.
Teve que estudar a relação entre a matéria prima a ser utilizada e o formato do
instrumento, a fim de que o mesmo surtisse o efeito pretendido e adequá-lo às suas
características e capacidades fisiológicas. E esta é, fundamentalmente, a base do
pensamento ergonômico
ambiente.
Nesta fase empírica, muitos estudos ocorreram, dos quais citaremos alguns.
Na área médica não podemos deixar de lembrar os vários trabalhos de
Medicina do Trabalho)
Tissot
de
decorrentes de doenças e acidentes entre operários.
Na área de engenharia e organização do trabalho, os de V
de trabalho físico diário, sugerindo que uma carga demasiadamente elevada, provoca
esgotamento e doenças e os de
melhores formas para o desenvolvimento do trabalho.
Na área de pesquisas físicas e fisiológicas temos trabalhos de:
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estudou os movimentos dos segmentos corporais, estudos que podem ser considerados
como precursores da Biomecânica; de
Fisiologia respiratória e da calorimetria; de
do esforço e desenvolveu estudos sobre os ritmos de trabalho; de
as leis do dispêndio energético do trabalho muscular; e de
técnicas de medida (cardiógrafos e pneumógrafos) e as técnicas de registro (fuzil
fotográfico), estudando os movimentos e a melhor forma de se andar.
Em 1857,
Ciência do Trabalho", onde vemos aplicado pela primeira vez, o nome e o conceito de
Ergonomia, como sendo a ciência da utilização das forças e das capacidades humanas.
No início deste século,
estudar os diferentes tipos de contração muscular e os problemas da fadiga, como
resultantes de fatores do meio ambiente (temperatura, ruído, claridade). Durante a 1ª
guerra, passou a reeducar feridos e desenhar próteses o que o levou a escrever uma obra
denominada "O motor humano", onde descreveu técnicas experimentais e forneceu as
bases fisiológicas do trabalho muscular, relacionando-as com as atividades profissionais.
A criação dos primeiros institutos, laboratórios e centros de pesquisa e estudos de
problemas ocupacionais, no início deste século, na Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra,
e França (Laville, 1977), podem ser considerados também fatos bastante significativos.
Mas efetivamente, a Ergonomia passa a ser considerada como ciência, em 1949 quando
da criação do primeiro centro interessado em problemas de adaptação do trabalho ao
homem, centro este denominado
Sedimentando-a como ciência, surgem, na década de 60, em Estocolmo a Associação
Internacional de Ergonomia e na França a
Entre 1960 e 80, graças à corrida espacial, a Ergonomia é adotada pela NASA em todos
os seus projetos e essa tecnologia é repassada às empresas privadas, às quais
encomendava equipamentos, propiciando assim sua sedimentação na área civil.
Mas é só a partir de 1980, que a Ergonomia recebe seu grande impulso, com o advento
denominado de "revolução dos computadores pessoais"
lamentavelmente, um aumento significativo das lesões por esforços repetitivos (LER), o
que denominamos de seu "caminho perverso".
Por fim, a utilização de ergonomistas, como peritos ou testemunhos, em litígios sobre a
confiabilidade de produtos e a comprovação de nexos causais, propiciou, também, uma
nova expansão desta nova ciência.
6
C
A grande meta da sociedade sempre foi a de buscar o aumento da produção, como
elemento principal do desenvolvimento econômico e neste sentido passa por vários
momentos.
O
foi a da construção dos mais variados tipos de máquinas às quais o homem deveria se
adaptar. É a fase onde a preocupação maior ficou centrada na máquina, como elemento
que proporcionaria o buscado aumento da produção e o homem nestes "tempos
modernos" era apenas uma das muitas engrenagens da máquina.
No
surgem as Teorias Humanísticas da Administração e em decorrência delas, ocorre uma
preocupação maior com o estudo do homem em relação às suas ocupações. Neste
período surge a tendência de se repensar os processos e de se modificarem as
máquinas, buscando adaptá-las às capacidades e às limitações do homem, no sentido de
se conseguir com isso uma maior produtividade.
A Ergonomia surge exatamente no
onde homem e máquina, são elementos mutuamente inclusivos e não há porque estudálos
isoladamente, visto que o que se busca é a relação perfeita entre ambos. O
homem-máquina"
definido como:
"Combinação dinâmica entre o homem e a máquina que ele opera,
que se complementam para a realização de uma determinada tarefa"
Acredito estarmos vivendo hoje, no
momento da Ergonomia Contemporânea, eis que incorpora à sua base anterior, estudos
mais avançados sobre o homem, sobre a Psicopatologia do Trabalho e sobre a
organização do trabalho.
Neste sentido, podemos observar que diversos conceitos de Ergonomia acompanharam
um pouco essas linhas de pensamento.
Murrell em 1949, define Ergonomia como sendo o:
Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e
necessários para os engenheiros conceberem ferramentas,
máquinas e conjuntos de trabalho que possam ser utilizados
com o máximo de conforto, segurança e eficiência
al,1993)
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A Organização Internacional do Trabalho – OIT, em 1960, a define como:
Aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com
os recursos e técnicas de engenharia para alcançar o
ajustamento mútuo ideal entre o homem e o seu trabalho
A redação contida no início da Norma Regulamentadora NR-17 (ERGONOMIA), mostra
uma modificação conceitual, passando o homem a ser sua principal preocupação, o que
no nosso entender significou um grande avanço:
Adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente
Aproveitando esse avanço, é preciso destacar alguns aspectos.
1. No que tange ao trabalho, a certeza de que o mesmo não está restrito apenas a uma
determinada máquina, ferramenta ou equipamento ou ainda ao perfeito
dimensionamento de um determinado posto de trabalho, mas inclui também, questões
como organização do trabalho, complexidade da tarefa, monotonia ou repetitividade
das tarefas e que ainda propiciem conforto, segurança aos trabalhadores para que
eles possam ter um desempenho eficiente. " 'Condições de trabalho englobam tudo o
que influencia o próprio trabalho'. Isso inclui o posto de trabalho, ambiente de trabalho,
os meios de trabalho, a tarefa de trabalho, a jornada de trabalho, turnos, pausas,
repouso, alimentação, serviço médico,...., relações entre produção e salário"
(Vieira,1995 )
2. Quanto ao ambiente, relativamente aos seus componentes, que envolvem e
interferem, direta ou indiretamente nos postos de trabalho, sejam eles físicos,
químicos, ou ainda biológicos, a constatação e o reconhecimento de que eles
influenciam, especialmente na saúde do trabalhador e decisivamente na produtividade
da organização; e
3. Referente ao homem, o reconhecimento da importância de informações
individualizadas quanto a sua capacidade psicofisiológica, que envolve conhecimentos
sobre aspectos físicos, biológicos, químicos e especialmente os psicológicos e
relacionais de cada trabalhador.
Como se vê, trata-se de assunto complexo, que envolve o conhecimento e o
reconhecimento de inúmeras variáveis que se inserem e incidem sobre a relação entre o
homem e o seu trabalho. Não podemos analisar nada isoladamente, pois existe uma
relação íntima entre todos os aspectos presentes. Um determinado nível de pressão
sonora, por exemplo, que venha a ser considerado baixo para a execução de uma tarefa,
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pode interferir e prejudicar o desempenho em outra, onde for exigida concentração do
trabalhador.
I
Tal qual a Medicina do trabalho, a Ergonomia está baseada nas ciências biológicas e se
relaciona dependentemente e de forma direta com outras disciplinas, tais como a:
.
humano, suas dimensões e a forma como cada órgão é estruturado e como
executa suas funções.
.
órgão e ainda do processo biológico de sua manutenção, em relação às cargas
decorrentes de cada tarefa.
.
humano, no que tange ao processamento de informações e formulação de
decisões, relacionando a adaptação do organismo ao meio ambiente em função
de treinamento, esforços e diferenças individuais.
.
de trabalho (colegas, chefias, subordinados, clientes, fornecedores) em função
das normas e leis vigentes e pelos valores gerados por estas relações.
.
equipamentos e postos de trabalho no sentido de propiciar ambientes saudáveis
e que tragam conforto e segurança para os trabalhadores. Há hoje em dia,
grande preocupação e estudos para reduzir o crescente número de doenças
provenientes do trabalho em edifícios fechados (
Síndrome dos edifícios doentes ou ainda,
interno).
.
melhor organização e lógica operatória, ciclos e horários de trabalho e sistemas
automatizados.
A avaliação da eficácia da aplicação da Ergonomia é formulada através de aspectos da
área da Saúde do Trabalhador, da Economia e da própria Administração.
C
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Capitaneando o momento atual, a Ergonomia francesa, coloca-se em contraposição a
visão sistêmica
Wisner (1994), por exemplo, alega que o sistema homem-máquina não pode jamais ser
visto como uma relação que contenha uma estabilidade. Se os próprios sistemas
"máquina" existentes não são idênticos, considerando a diversidade hoje existente, que
varia desde operações estritamente manuais, até sistemas completamente
informatizados, o que poderíamos dizer da complexidade do sistema "homem" e de suas
individualidades.
Pelo que
homem, quer seja da máquina, deve ser o ponto principal das avaliações da ergonomia.
Coerente com esta idéia, Dejours (1992), incorpora a importância da questão do conteúdo
significativo do trabalho em relação a uma determinada profissão (noção que para ele
contém a idéia de evolução pessoal e de aperfeiçoamento) e o estatuto social (ligado ao
posto de trabalho).
Considerando as inúmeras variáveis citadas e outras não mencionadas aqui, nota-se
claramente a complexidade que envolve a matéria, e desta forma, é necessário ficar
consignado que, soluções ergonômicas não podem ser adotadas, partindo-se da
premissa que elas poderiam ser, genericamente determinadas como se fossem
simplesmente, uma "receita de bolo". Cada situação dentro de um mesmo sistema de
trabalho, pode ser única e poderá merecer uma atenção especial.
Dando maior ênfase a esta questão, é importante, realçarmos alguns tópicos constantes
nos escritos de
.
a colocação dos comandos de todas as máquinas, a forma ideal de se
regulamentar o trabalho em turnos, nem a organização do trabalho ideal para um
setor de processamento de dados. Há propostas possíveis para melhorar cada
situação e, isto é tudo o que o ergonomista pode propor."
.
'protótipos' a serem experimentados pelos operadores que vão utilizá-la, ..."
.
uma determinada tarefa que foi considerada extremamente árdua para os
operadores. A automatização é feita e os trabalhadores se sentem menos
sobrecarregados fisicamente. Suas funções, porém não são as mesmas. Passaram
de operadores de máquinas a controladores de processos automatizados. Se
houve uma diminuição da carga física do trabalho, por outro lado houve um
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aumento da carga cognitiva de trabalho."
Também é preciso deixar assentado, que uma tarefa que apresente uma forte carga,
física ou sensorial, vai com certeza provocar fadiga; já o inverso, uma tarefa que
apresente uma carga muito débil, física ou sensorial, ou ainda, um trabalho monótono,
leva a uma diminuição na vigilância, podendo levar a ocorrência de um acidente.
Além disso, têm de ser considerados todos os componentes da função, por exemplo, as
pressões da chefia e da própria produção, a responsabilidade quanto à qualidade, ao
conteúdo e complexidade da tarefa e muitos outros fatores que influem diretamente no
bem-estar físico, mental e psíquico do trabalhador.
A Ergonomia hoje é bem mais abrangente e acrescenta um maior peso a humanização do
trabalho, envolve, inclusive aspectos do bem-estar físico, mental
cognitivo (de ordem emocional e motivacional)
aplicada, pode ser a grande resposta que buscamos aos nossos anseios de melhora
qualitativa nos ambientes de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEJOURS, C.
trad. Paraguay, A.I. e Ferreira, L.L., 5. ed. ampl., São Paulo: Cortez-Oboré,
1992.
LAVILLE, A.
MURRELL, K. F. H.
ROCHA, L.E. et al. (orgs.)
no Brasil
VÁRIOS,
VIEIRA, S. I. (coord.)
WISNER, A.
Fundacentro, 1994.
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